domingo, 16 de janeiro de 2011

Sistema de Cotas

Querido diário,

Domingo passado fiz a prova do processo seletivo da UFRA, a 2ª fase, porque a primeira foi o ENEM. Eu nem estava tão afim de fazer, afinal já conquistei uma vaga na UEPA e Agronomia era a minha última opção de faculdade, mas fui mesmo assim. Até o Heitor da universidade, um senhor já de certa idade, passou lá na sala pra nos desejar boa prova. Foi a primeira vez que vi um pequeno grande homem na minha frente. Pequeno por ser relativamente baixo; grande pelo cargo ao qual está designado.
Bom, não vim falar disso. Na verdade, enquanto fazia a prova, algo me ocorreu subitamente. Estava relendo meu cartão de identificação (aquele com os meus dados) e li, la no finzinho, a parte que dizia "Concorre no regime de cota racial". Sabe o que dizia logo depois dos dois pontos? "Não". Mas, espera ai! Eu sou negro. O natural não seria eu estar nestas cotas?

Então me veio outra coisa: por que eu não posso pedir cota racial se eu sou negro? E as respostas às quais cheguei geraram dúvidas ainda piores. Primeiro, para se conseguir cota cor é obrigatório que seja de escola pública. E o que isso significa?! Que, para eles, não existem alunos negros nas escolas particulares. Dai, então, esta não seria outra forma de preconceito?


Pô, se para pedir cota cor precisa ser de escola pública, por que não deixam apenas a "Cota Escola Pública"? Então me disseram que é porque também existem brancos na escola pública. Sim, mas o ensino é o mesmo e a capacidade de aprender também (com exceção dos nerds e gênios natos, os quais independem de raça ou tom de pele para assim o serem).


E ainda impressionante é que, quando fui confirmar a inscrição no processo seletivo da UFPA, estava lá escrito: "Não quer cotas". Como assim não quer?! Eu até queria, mas este é um privilégio o qual eu não estou qualificado a receber. Não se tratou de opção, mas de exclusão mesmo.
Para mim a Cota para Negros, apesar da promessa de diminuir o preconceito, apenas aumenta-o ainda mais. Eu até já ouvi algumas brincadeiras de mau gosto contra alunos cotistas. E, só pra constar, sou a favor da manutenção apenas da cota Escola Pública. Até porque já está bem claro que o ensino na escola particular é muito melhor que o ensino da escola pública. Mais claro, impossível!

Um comentário:

  1. Concordo. A cota racial, pra mim, é um método falho por muitos motivos. Primeio que aqui no Brasil um "negro" não é só negro. Um negro também é branco, índio, amarelo. No Brasil é tudo tão misturado que é impossivel diferenciar. Depois disso, todos sabemos que a cor da pele ou a etnia da pessoa não diferencia o caráter, a inteligência, a resistência e nada entre uma pessoa e outra.
    Mitri Hage.
    Pra mim, pra que uma pessoa participe da cota, ela tem que ser de escola pública, que todos sabemos, é uma droga. Acho também que deviam ter mais cotas, distribuindo assim a possibilidade de um ensino de melhor qualidade. E também acho que as cotas deviam ser provisórias no país. Devia haver um prazo (10 anos, por exemplo) onde haveria a cota em todas as instituições e enquanto estivesse em vigor, o ensino público melhoraria e se igualaria ao particular. Assim, quando as cotas acabassem, o ensino público e particular estariam iguais e todos teriam uma chance de ter uma vida boa, além de fazer crescer o país. Ótimo post.

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