terça-feira, 17 de agosto de 2010

Relato de um sociofóbico

Querido diário,

Encontrava-me na sala de aula, a sineta havia acabado de soar. Os alunos já se encaminhavam desesperados pela saída, porém eu, sozinho, permaneci em meu lugar por um tempo. Quando resolvi sair, tudo começou a acontecer.
Enquanto descia as escadas, todos me olhavam, riam e zombavam de mim. Entre ofensas e empurrões, por vezes tentaram-me passar a perna, me derrubar. No alto da escada uma mulher gritou:
- Ei, você! - com o indicador esticado, apontava para mim, uma voz grave e assustadora, um olhar maléfico e uma atitude rude - Volte aqui, agora!
Apressei o passo, entretanto no corredor foi ainda pior. Por toda a extensão das paredes, alunos se dispuseram formando uma espécie de corredor humano. Atravessá-lo foi como cruzar um campo minado que dá em um rio repleto de crocodilos: a cada passo o risco era maior. Ou talvez tenha sido pior.

Atiraram-me alguma coisa melada assim que alcancei o fim do corredor. Novos risos e ofensas, depois um empurrão tão forte que caí sobre sobras de algum lixo qualquer. Todos me cercaram e gargalhavam cada vez mais alto. Eu queria ir embora, porém nem conseguia ficar de pé.

A sineta soou novamente e os alunos voltaram a entrar na sala seguidos por uma professora apressada, a qual anunciava que a aula começaria imediatamente. Puxei o caderno e, dando atenção agora à professora, esqueci meu devaneio.

domingo, 8 de agosto de 2010

Búfalos no Marajó

Querido diário,

Voltei, enfim. u.u
Estive na Ilha do Marajó nas duas últimas semanas de julho, mais precisamente na cidade de Salvaterra, próximo a Soure. Lá tudo é lindo, as praias, rios e lagos, as paisagens e animais, muito sol e vento, a praça a noite com os shows; uma viagem incrível. Pelo menos nos cinco primeiros anos. Quando se vai várias e várias vezes para o mesmo lugar, fazendo as mesmas coisas, aquilo tão maravilhoso se torna tão enjoativo (pelo menos para mim é assim). Bom...
Algo curioso que eu estive reparando este ano é a pouca quantidade de búfalos na cidade. Lembro-me que nos primeiros anos que fui até lá, eles, os búfalos, eram tantos e estavam espalhados por toda a parte. No meio da rua, nos quintais das casas ou nos grandes terrenos, sempre era possível vê-los e fotografá-los. Agora é tão difícil encontrar um. Lembro de ouvir alguma coisa sobre "mudanças climáticas ameaçam população de búfalos no Marajó" há algum tempo, mas não sabia que estava tão sério assim.

A Ilha do Marajó possui o maior rebanho do país de Búfalos da raça Carabao, animal símbolo da maior ilha fluviomarinha do mundo. Sendo assim, ou eles se mudaram de cidade ou as fontes estão bastante enganadas. A raça Carabao, única adaptada a regiões pantanosas, teve sua origem no norte das Filipinas, apresenta pelagem mais clara, cabeça triangular, chifres grandes e pontiagudos, voltados para cima, porte médio e capacidade para produção de carne e leite, além de serem bastante utilizados como força motriz.
Uma possível causa da redução do número destes animais talvez possa ter sido a carne, que tem 50% menos colesterol que a carne dos bovinos. Porém isto é só uma hipótese (eu já comi carne de búfalo e é gostoso. Tem gosto de... carne...). =)